O jejum intermitente é um método cada vez mais popular que reside em alternar o jejum com períodos de alimentação.
Após uma refeição, o organismo utiliza glicose como combustível e armazena a gordura no tecido adiposo. Durante o jejum, ocorre uma mudança metabólica em que a gordura é mobilizada e utilizada como fonte de energia sob a forma de ácidos gordos e corpos cetónicos.
Existem vários modelos de jejum intermitente. Os mais comuns são os seguintes: alimentação com restrição de tempo, em que a alimentação é concentrada numas horas do dia e o restante período é de jejum; o jejum em dias alternados, sendo que num dia não há qualquer ingestão ou esta é reduzida significativamente e no dia seguinte faz-se uma alimentação normal; e o jejum 5:2, onde há 2 dias de jejum, seguidos de uma alimentação normal nos outros 5 dias.
No que concerne ao emagrecimento, a restrição calórica, ou seja, a ingestão de menos calorias do que as que gastamos, é o método mais amplamente estudado e indicado. O jejum intermitente é uma alternativa cientificamente válida para atingir esse mesmo objetivo. Contudo, qualquer que seja o modelo de jejum intermitente escolhido, o sucesso na perda de peso e redução da massa gorda assenta no balanço energético negativo. A dieta seguida deverá reduzir significativamente a ingestão calórica, quer seja em um dia ou mais da semana. Esse fator será mais preponderante do que a troca metabólica que ocorre no jejum onde é usada a gordura como fonte de energia. Para potenciar a oxidação da gordura importa ter um estilo de vida ativo. O treino será crucial para esta finalidade, bem como para melhorar o estado se saúde em geral.
Os benefícios do jejum intermitente, no entanto, parecem ir além do emagrecimento. Vários estudos científicos sugerem que o jejum intermitente diminui a produção de radicais livres prejudiciais, favorecendo o sistema de manutenção e reparo celular e o aumento da longevidade. Há também indicação da melhoria da cognição e da saúde em geral, nomeadamente, melhoria da regulação da glicose, da pressão arterial, da frequência cardíaca e diminuição da inflamação.
Porém, os benefícios ao nível da saúde decorrem igualmente de uma dieta com restrição calórica sem jejum. De facto, existe alguma controvérsia sobre se o jejum intermitente produz benefícios de saúde superiores à restrição calórica, sendo que uma das grandes limitações destes estudos prende-se com a dificuldade em isolar a causa destas vantagens, isto é, em dissociar se as mesmas advêm do jejum intermitente ou da perda de peso per si. Além disso, os mecanismos celulares subjacentes que são ativados no jejum intermitente requerem investigação adicional em seres humanos.
Há ainda que considerar potenciais riscos do jejum intermitente. A evidência científica tem mostrado que pode ocorrer falta de energia, fome, dores de cabeça, tonturas, obstipação, mau hálito e deficiências nutricionais, sendo por isso essencial o acompanhamento por um Nutricionista aquando da aplicação do jejum.
O êxito da implementação desta abordagem (e de qualquer outro método) irá depender do consumo total de energia e da adesão ao plano alimentar.
Indivíduos que sigam uma dieta de restrição calórica, a médio ou longo prazo, poderão beneficiar desta alternativa momentânea para estimular a motivação e aderência. Por outro lado, esta também é uma opção válida para outros objetivos ou momentos do intervenção alimentar, desde que considere apropriado para si.
Em todo o caso, o Nutricionista irá auxiliar na escolha da melhor estratégia para o seu caso tendo em conta as suas características individuais e preferências. Existem diversas maneiras de atingir o fim desejado, deverá sempre privilegiar aquele que melhor se adequar às suas rotinas e que melhor conseguir cumprir.
Patrícia Cunha
(C.P. 4151 N)